Manaus (AM) — A última década tem evidenciado uma polarização política nas eleições, e esse contraste também se reflete no Amazonas. Com a aproximação da disputa para a Prefeitura e Câmara Municipal, os partidos de esquerda estão alinhando candidatura para se posicionar como oposição e ser uma saída alternativa para os eleitores.
Na capital e no interior do Amazonas há uma disparidade entre o apoio aos candidatos nas eleições. Em 2022, ano da última eleição presidenciável, o presidente eleito Luís Inácio Lula da Silva (PT) venceu em mais da metade dos municípios do Estado, alcançando 51,1% contra 48,90% de Jair Bolsonaro (PL).
Na terra do boi-bumbá, Lula conseguiu 82,56%, outros municípios também ultrapassaram 80% de votos favoráveis ao presidente petista, sendo eles: Atalaia do Norte (80,40%), Benjamin Constant (83,60%), Boa Vista do Ramos (87,97%), Maués (85,02%), Nhamundá (85,98%), São Gabriel da Cachoeira (80,64%), São Paulo de Olivença (84,24%), Silves (81,53%) e Tonantins (82,93%). Já em Barreirinha, Lula conquistou expressivos 91,39% de votos válidos.
Dos 62 municípios do Amazonas, Bolsonaro venceu em apenas quatro: Apuí (63,68%), Boca do Acre (54,66%), Guajará (60,39%) e Manaus (61,28%). A capital amazonense é considerada também uma capital bolsonarista, devido à adesão da população pela política de Jair Bolsonaro.
Apesar desse cenário para as eleições para Presidência, o analista político Carlos Santiago afirmou que os partidos de esquerda no Amazonas estão enfraquecidos, em comparação a potência que tinham anos atrás. A ausência de militância e agenda para administrar as cidades também marcam as siglas, assim como a falta de consenso para escolher um nome para a disputa.
“Os partidos de esquerda de hoje não são nem 1/3 da força política que já tiveram no Amazonas, quando tinham mandados de senador, deputado estadual e federal, e na Prefeitura. O que temos hoje são lideranças antigas, não há renovação de quadros e as siglas apresentam uma dificuldade enorme para chegar em consenso e indicar um nome”,
declarou.
De acordo com Santiago, para as eleições deste ano, o Partido Socialista Brasileiro (PSB) demonstra uma aproximação para apoiar o presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (Aleam) e deputado estadual, Roberto Cidade, pré-candidato pelo União Brasil. O Partido dos Trabalhadores (PT) também caminha para o apoio em candidatos de fora da legenda. Já o Partido Comunista do Brasil (PCdoB), Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) e Rede, no ponto de vista de expressão política, são considerados “nanicos” no Amazonas.
Entre os possíveis nomes da esquerda para serem lançados como candidatos estão Anne Moura (PT), secretária nacional de mulheres do partido, e o médico indígena Israel Tuyuka (PDT), que disputou as eleições para governador do Amazonas em 2022 e, apesar de conseguir apenas 1,11% dos votos, ganhou destaque nos debates.
A Federação Brasil da Esperança, com a participação do PT, PCdoB e Partido Verde (PV), buscam solidificar uma candidatura para enfrentar as eleições, a partir de uma tática eleitoral e buscando estabelecer uma escuta ativa aos anseios da população.
Reconstrução da esquerda
Conforme o especialista, para os partidos de esquerda reconstruírem a sua imagem perante os amazonenses e conseguirem destoar a hegemonia do conservadorismo político, sobretudo na capital, é necessário urgência de optar por uma “ousadia” em modificar a composição das direções e as estratégias eleitorais, melhorar o diálogo com a sociedade e buscar novos os quadros políticos, assim como estabelecer projetos administrativos efetivos para Manaus e outras cidades do Amazonas.
A influência do presidente eleito Lula, sendo de um partido de esquerda, no Amazonas se estabelece melhor a partir da articulação com siglas do centro.
“O presidente Lula se articula melhor no Amazonas com forças de centro, mais com caciques locais do que com seus próprios correligionários da esquerda”, explicou.
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