O Amazonas está vivenciando uma revolução no setor pesqueiro e de aquicultura com uma pesquisa pioneira focada na reprodução de peixes nativos, especialmente o tambaqui, em Sistemas de Recirculação de Águas (RAS). Este projeto, realizado com o apoio do Governo do Amazonas por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), visa aprimorar as tecnologias de reprodução de peixes na região do médio e baixo Amazonas, com um forte enfoque no empreendedorismo e na sustentabilidade. A pesquisa tem um impacto significativo no desenvolvimento local, especialmente em Itacoatiara, cidade situada a 176 km de Manaus, onde a produção de alevinos está sendo intensificada para fortalecer a economia regional.
A pesquisa é coordenada pela mestre em Administração Daiane Oliveira Medeiros, do Instituto Federal do Amazonas (Ifam), e tem como objetivo proporcionar um meio mais eficiente e sustentável para a reprodução de tambaqui, um dos peixes mais importantes para a pesca e alimentação local. O projeto não apenas introduziu a tecnologia de recirculação de água, mas também capacitou mulheres ribeirinhas para atuarem no setor de piscicultura, criando um polo de empreendedorismo feminino. Isso representa uma transformação significativa na região, onde a presença feminina em atividades técnicas de piscicultura é historicamente baixa.
Uma das principais características deste projeto é o uso de sistemas de aquaponia, uma técnica de produção que combina a criação de peixes com o cultivo de plantas em água. Esse sistema foi instalado em tanques circulares de 11 mil litros, equipados com sistemas de filtragem biológica, aeração e sensores para monitoramento da qualidade da água. A pesquisa também fez uso de incubadoras e kits de indução hormonal, elementos essenciais para o sucesso da reprodução do tambaqui em ambiente controlado. Esse método de produção sustentável promete beneficiar não só o ecossistema, mas também as comunidades locais, com a geração de renda e a formação de novos empreendedores.
Com o apoio da Fapeam, a pesquisa obteve recursos para adquirir os equipamentos necessários, financiar bolsas para os pesquisadores e realizar as capacitações nas comunidades locais. O impacto dessa ação não é apenas científico, mas também econômico e social. As mulheres que participaram do programa tiveram acesso a uma formação técnica em aquicultura, o que abriu portas para novos horizontes profissionais e oportunidades de negócios sustentáveis. Além disso, a distribuição de alevinos e as oficinas práticas contribuíram diretamente para o desenvolvimento da piscicultura na região, com foco na produção local de peixes para o consumo e para comercialização.
A longo prazo, a expectativa é que Itacoatiara e outras comunidades ribeirinhas da região se tornem referências na produção sustentável de peixes, especialmente no que diz respeito à criação de alevinos e ao empreendedorismo familiar em aquicultura. O projeto tem o potencial de se expandir para outras áreas da Amazônia, proporcionando modelos replicáveis que podem ser utilizados em diversas localidades com características semelhantes. O governo estadual está comprometido em transformar essas iniciativas em fontes de sustentabilidade econômica, social e ambiental para as comunidades ribeirinhas.
Uma das grandes contribuições do projeto é a transferência de tecnologia. Por meio da pesquisa e da capacitação oferecida, as comunidades ribeirinhas adquiriram conhecimentos valiosos sobre o manejo sustentável de recursos hídricos e a criação de peixes de forma eficiente. Isso inclui a introdução de práticas inovadoras de manejo de águas e peixes, além da possibilidade de aplicação de novas tecnologias na indústria pesqueira local. A transferência de conhecimento para as mulheres ribeirinhas, especialmente, reflete o esforço contínuo para equilibrar a equidade de gênero e fomentar o protagonismo feminino no campo científico e empresarial.
Além disso, o Programa Mulheres das Águas, apoiado pelo Governo do Amazonas e inserido no Movimento Mulheres e Meninas na Ciência da Fapeam, foi um marco importante na execução desta pesquisa. O programa visa promover a liderança de mulheres em projetos científicos, contribuindo para o avanço da pesquisa e a resolução de problemas específicos das comunidades locais. Com um investimento significativo, o programa já resultou em dez projetos aprovados, destacando a crescente importância da ciência liderada por mulheres no Amazonas. A participação ativa das mulheres neste campo abre um caminho para a inovação e a promoção de soluções mais inclusivas e eficientes para os desafios locais.
A pesquisa, que também gerou uma série de publicações científicas, apresentações em eventos e materiais didáticos, é um exemplo claro de como a ciência e a inovação podem se alavancar para o desenvolvimento sustentável de uma região. A possibilidade de replicar essa metodologia de produção sustentável de peixes em outros locais da Amazônia é uma das maiores conquistas do projeto, pois isso poderia aumentar a segurança alimentar e criar novas fontes de renda para muitas famílias ribeirinhas em outras partes do estado. Assim, o Amazonas avança para um futuro mais sustentável, com a aquicultura não apenas como uma prática econômica, mas como uma ferramenta de transformação social e ambiental.
O trabalho realizado em Itacoatiara, com o apoio da Fapeam, exemplifica o potencial da união entre ciência, educação, e desenvolvimento regional. Em tempos de desafios ambientais e econômicos, iniciativas como essa são essenciais para criar alternativas sustentáveis de geração de renda e garantir a preservação dos recursos naturais da Amazônia. O Amazonas, por meio de ações como esta, se fortalece no cenário nacional e internacional, destacando-se como um exemplo de inovação, respeito ao meio ambiente e inclusão social, ao investir em ciência e tecnologia voltadas para o futuro das comunidades ribeirinhas.
Autor: Sokolov Harris